quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A moça bossa nova e o garoto rock'n'roll

Moravam próximos essa moça e o garoto, no bloco da frente. Moravam numa dessas quadras de Brasília, sozinhos, com parentes longe. Viviam vidas normais, gostavam de coisas únicas, viam as estrelas a noite, tomavam café de dia, queriam um amor com plenitude, essas coisas que jovens acreditam. Os dois namoravam, ele por 9 anos e ela por 3 anos, mas a felicidade a muito se aparou desses namoros...o tempo e o costume eram quem teimava em costurar essas relações. O destino via essa situação, mas não ligava muito.

Nunca prestaram atenção um no outro, pois ambos viviam com os benditos fones de ouvido pra lá, pra cá, pra acolá, pra quadrangular...Ela com sua cara de boa moça de vestido solto (que escondiam curvas generosíssimas) e ele de bandana e calça jeans. Ela fã número um de Chico Buarque e ele Disturbed. Não, provavelmente nunca se conheceriam se não fosse o danado do destino que estava meio sem nada pra fazer, decidiu por fazer com que eles se conhecem. Brincadeira boba que vez ou outra ele inventa, para atar novas mãos. Ele começou o trabalho...fazia questão deles se cruzarem, mas apesar disso acontecer sempre, voltando do trabalho, na parada de ônibus, no ônibus, no metrô...não sei se você conhece mais em Brasília é bem fácil de cruzar com conhecidos...nunca se repararam. Nem mesmo um breve olhar, absolutamente nada. E isso, claro, só fez aguçar a vontade de juntar essas duas peças.

Um tal dia a descoberta, a namorada dele conhecia ela. E pronto, acabaram se conhecendo...e o que aconteceu?!?!?!?! Nada, absolutamente nada. Só ficaram sabendo que moravam perto. Só. Claro que só, oras, ambos tinham uma vida firme e estruturada com outras pessoas, tinham suas neuras e vontades. Você queria o que? Amor a primeira vista? Ah vá! Enfim, os laços entre eles começaram por se estreitar. Agora que sabiam que moravam perto se reparavam nos transportes, vinham e iam conversando, falando. E perceberam que as conversas eram sempre boas, os pensamentos em conjunto, os sentimentos em mesma vibração, a religião alinhada, as vontades parecidas, as loucuras entusiasmadas e todo o mais que existiam tinha mais cor quando estavam um perto do outro...e sentiam toda essa infinitude sem nunca terem apertado a mão um do outro. Sério! Nunca tinham dado um abraço, se cumprimentavam de longe, não tinham intenção de nada. Culpa do destino cutucão!

E ele cutucava o coração dela quando estava longe dele, e cutucava o dele quando estava longe dela...e uma vontade estranha de estar junto, de seguir o mesmo caminho, de cuidar, de ser, de...de...de...de não sei bem o que, mas sei que não quero mais nenhum dia da minha vida se não foi pra estar do lado Del(EA). O resto é de se imaginar. O medo de mudar, o medo de não mudar, a vontade de mudar, a mudança...e o que se há de fazer? Desatar o laço antigo e embrulhar o coração de novo e simplesmente dá-lo a essa nova pessoa com todos os medos e receios para seguir em frente e nunca mais se sentir só.