domingo, 30 de junho de 2013

É ela.


Ah tristeza, velha amiga e infeliz companheira. Sentimentos como tantos outros, malvisto e malquisto de todos. A tristeza é mesmo um sentimentozinho matreiro que tece sua linha aos poucos, com cuidado, sem descuido. Espera por nós a cada pensamento de alívio e paz. Quer-nos no chão junto dela, sentados em um beco e com uma garrafa de cerveja quente. Tristeza, maldição dos homens na Terra. Ela espera, escuta, interpreta e pega a todos no pulo do gato, na quebrada da rua. Faz arruaça em nós, tira do controle as lágrimas, o sorriso, a força. Fica ali por tempos, escondida em um cabelo, atrás da orelha, debaixo do pé...fica como uma pedra na consciência te lembrando a todo instante, eu te avisei! É como uma praga de mãe que parece não tem fim, não tem escapatória. É ela que te acorda e ela mesma te põe para dormir. Fica impregnada no café, na cama, no computador, do trabalho a casa. Em tudo ela sorri de lado com ousadia enquanto você, mero mortal, assiste ao martírio do coração aprisionado. Culpa dela! Imagem insistente que fica, que fica, que fica, que fica...

terça-feira, 18 de junho de 2013

0,20


Eu nunca passei por uma ou duas guerras, não vivi na ditadura, não participei de revoluções. Mas passo por torturas diárias: quando tenho que voltar para casa e vejo que não tem ônibus suficiente, apesar da passagem ser uma fortuna; quando tenho que ir amassada entre tantos outros, que como eu, estão exaustos e só querem a paz do seu lar; quando tenho medo de ficar doente, pois se isso acontecer terei que me apegar a algum santo porque a saúde pública é um caos; quando tenho medo de andar na rua e ser estuprada por um sujeito qualquer; quando tenho pavor de sair de casa por achar que algo pode me acontecer porque segurança é uma palavra que só está nos dicionários; quando tenho medo de bandido e tenho medo da polícia; quando tento protestar e mostrar minha insatisfação, mas sou brutalmente repreendida pela força, pelo desumano. Não é somente por 20 centavos, é pelo o direito de VIVER de cada um! É por parar de sobreviver, de aguentar, de silenciar! É por você, é por mim, é por nós! Os protestos, esses sim, me representam! #VAMOSprarua
Mayara Sampaio do Brasil