Se eu fosse encontra-lo certamente seria em um bar. Ele
pediria whisky, acenderia um cigarro e teria o cotovelo, do braço do cigarro,
apoiado no braço da cadeira enquanto o polegar seguraria a cabeça daquele
homem. Com os olhos distantes...tenho certeza que os pensamentos iam longe. Eu
pediria uma pink limonade, só porque é bonita, e copiava o olhar de divagação
dele. Será que foi com ele que eu aprendi a ser assim? Se fossemos conversar falaríamos
de nada, ou de tudo. Contaríamos piada ou qualquer comentário banal da vida.
Até sermos só silêncio de novo. Se fossemos música seríamos o cantar sentido de
Elis, a língua torta de Adoniran, a dor em versos de Cartola. Nada de Chico
Buarque por essas bandas! Só pra me implicar. Se nós fossemos lugar seriamos
aquela casa no campo esquecida. Saputiceiro que outrora hasteu a bandeira de
brasão Sampaio. Se fossemos jogo seriamos 7 e meio jogado apostado com caroço
de feijão, ou a paciência roubada só pra dar certo né? Se fossemos comida era
acarajé, vatapá, pimenta, era festa de Cosme e Damião, era desejo de neta
atendido no mesmo instante. Se fossemos nome era apelido com direito a
implicância e língua de fora, e jeito de fazer rir, e metro, e bico. Se
fossemos menos anos seriamos juntos, apesar da tosse, apesar da dor, apesar do
oxigênio, apesar. Mas hoje somos distância medida em saudade e fios de água com
sal no rosto.
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