quinta-feira, 4 de abril de 2013

Beleza

Por que a minha beleza tem que ser magra? Cinturinha fina, salto alto, maquiagem? Por que minha beleza tem que ser lisa? Sem cachos, ondulações, assimetrias? Por que a minha beleza tem que ser bem educada? Sem nunca se meter, sem nunca se estressar? Porque a minha beleza tem que ser coxa grossa, bunda grande, peito duro? Por que minha beleza não pode balançar e acordar mau-humorada? Por que a minha beleza deve caber em uma balança sem mexer, em ponteiros assustadores, em medidas impossíveis? Por que a minha beleza deve se contentar em ser a mesma beleza de tantas outras? Por que a minha beleza não pode estar no ser, no eu-ser? Quem determina qual é a maior beleza? A mais bonita, mais agradável aos olhos? Olhos de quem? Se os únicos olhos que me importam são o do meu amor. E os dele sempre ficam faceiros quando encontram as minhas curvas, os meus perigos. Não entendo, por que minha beleza tem que ser a mesma? Mesminha? Mesmíssima? Igual? Prefiro a minha beleza, assim. Sem regras. Só o meu gosto. Sem finura. Só com meu chiclete mastigado de boca aberta. Sem educação. Só com meus xingamentos ralos para os motoristas que fecham o carro. Sem número. Só com a minha calça 46 e um quadril que faz estragos. Sem medos. Só com a certeza de que a minha beleza é só minha.