quarta-feira, 2 de abril de 2014

Homem, vou dizer como eu te amo



Hoje vou dizer como eu te amo. Meu amor não é mais adolescente, instante em chamas, segundos imprecisos, atitudes desmedidas. Aprendi com você a deixar que o amor me tome por completa e preencha cada pedaço, mesmo o mais oculto, de mim. Meu amor é tranquilo como o mar em maré baixa, não é brinquedo novo de criança. Meu amor por você é com calma, como um sábio que conhece o caminho e desfruta da caminhada. Meu amor é terno como uma mãe que amamenta o filho. Meu amor é radiante como a criança que vai a primeira vez ao parque de diversões. Meu amor é ansioso, como a jovem que se arruma para festa colocando os cabelos de forma precisa e simétrica. Ele é inquieto, como o cientista a busca da nova invenção, da cura do mundo. Ele é silêncio de biblioteca, silencioso ao ouvir o coração. O meu amor é preguiçoso, quer rolar na cama a manhã toda entrelaçando os braços e as pernas em um quebra-cabeça perfeito. Meu amor é luxúria, quatro paredes e dois corpos quentes. Ele é música, que faz os pés dançarem sem saber como. Ele é raiva, raiva amorosa de saber que, independente do certo ou errado, é preciso reparar o coração. Meu amor é instrumento, afinado corda a corda, nota a nota. Meu amor é caldeirão fervendo, borbulhando gostosura e alegria de pensamento. Meu amor é reza, crê em melhoria, escuta a voz divina, se abre ao outro. Meu amor é gigante do pé de feijão que tem uma galinha dos ovos de ouro. Meu amor é pulsante e febril também, como o corpo que aguarda uma carícia antiga. Meu amor é desapego, é tchau com som de volta logo. Meu amor é louco, como aqueles que sorriem para o mundo mesmo que o mundo seja este. Um amor sereno como um campo que floresce esquecido no tempo. Um amor paciente como a mãe que mostra os primeiros passos ao filho. Um amor certo como o velho que espera sem medo a morte que o arrebatará acertadamente. Meu amor é sem alarde, sem medo, sem tristeza, sem pressa. Meu amor é um novo presente, embalado em papel de seda, com fita de cetim e entregue a você por um carteiro alegre. Esse dois (curtos) anos são somente medições modestas de tempo, jaula das horas que os homens insistem em medir. Nossos laços vão além da concreta realidade, nossos nós se ataram de forma única, diferente, constante e terna. Nossos dois anos são o começo de uma vida nova, de claridade, de compreensão. Me sinto sua sem cobrança, te sinto meu sem contrato. Me sinto parte de um todo nosso. E apesar das diferenças precisas [Ela letras e Ele números, Ela Buarque e Ele Disturbed, Ela livro e Ele computador, Ela mãos e Ele robô], o nosso lego veio sem peça faltando pronto para construir nosso castelo [de conto de fadas para Ela, de conto nórtico para Ele].








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