Acorda moça, acorda! Abre a
janela e vem ver o sol que se mostra com todos com seus raios vibrantes, quentes e
luminosos te ofertando mais um dia de lutas e vitórias.
Acorda moça, acorda! Vem ver a
passarada feliz pelo novo dia, vem ouvir o canto que sai. Vem moça, vem. Eles
cantam pra você também, perguntando cadê a moça que nunca mais apareceu? Ela
nos dava migalhas no ar e ficávamos de pança cheia no café da manhã.
Acorda moça, acorda! Assim você
perde o começo da festa, o sol já se apresentou, a natureza de arrumou, daqui a
pouco a criançada começa, o parque na sua frente fica cheio de alegria e você
nem vê.
Acorda moça, acorda! Você nunca
mais comprou pão quente a balconista te procura quer saber cadê a moça que
desapareceu da gente?
Acorda moça, acorda! O vento bate
na janela, força a dobradiça, se atreve a entrar sussurrando só pra ver se te
encontra no quarto se arrumando.
Acorda moça, acorda! Abre logo
essa cortina, escancara essa vidraça, dê o sorriso para a gente que fica na
expectativa de te ver aparecer linda na janela.
Acorda moça, acorda! Cadê sua
forma exuberante que desfilava estonteante pelo caminho do parque para os
olhares da gente?
Acorda moça, acorda! Moça, por
que você não nos responde? Cadê seu bom-dia doce? Cadê o cabelo solto? Cadê a
moça?
Acorda moça, acorda! Moça você
está aí dentro? Nunca vi tanto sumiço é mesmo um desperdício não poder te
encontrar.
Acorda moça, acorda! O que será
que te aconteceu? A sacada está deserta, parece até que se mudou, a janela
sempre aberta faz tempo que se fechou e se mantem coberta pela cortina
enegrecia que nunca mais desatou.
Acorda moça, acorda! Desculpa a
insistência, não faço por maldade, mas queria mesmo saber por onde a beldade que
enchia o peito velho de pura mocidade e balançava os meninos por toda essa
cidade.
Acorda moça, acorda! Assim já não
dá mais, vai beirando o fim da tarde, com o silêncio trazendo paz, o sol
cansado da espera vai deixando a moça para trás.
Moça, você ainda não acordou? Em
sua casa nem um movimento, nem um ruído, nem a respiração, só dá para ouvir um
lamento bem lá do fundo da casa, no quarto, no canto da parede. Será que a moça
sofre descontente?
Moça? Moça? Você está nos
ouvindo? Queria te ver sorrindo antes de ir embora.
Mas a moça não ouvia a voz da
vida chamando, estava enterrada no travesseiro coberta de lembranças e
tristezas. Não pôde ver, as lágrimas lhe embaçavam os olhos. Não podia sentir
nada mais além de dor. Estava encarcerada em sua própria agonia, em sua própria
solidão. E, por enquanto, era assim que se aprisionará desde que ele arrumou as
malas e partiu seu coração.
Muito bom, gostei!
ResponderExcluirMuito obrigada, Renatinha! Será sempre bem-vinda! :D
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